Já discutimos bastante sobre a situação do etanol no Brasil e com o passar do tempo estamos acessando cada vez mais informações. Sabemos que a queda de produção tem afetado bastante a situação desse combustível, sendo que as usinas responsáveis por boa parte da produção nacional (centro-sul) tiveram uma redução na produção de 31,13% de etanol hidratado em relação a agosto de 2010.
Em contrapartida, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), a frota flex brasileira cresceu 103,85% no mesmo período, aumentando a demanda em momento de queda de produção. No ano passado foram registrados 13,75 bilhões de litros produzidos em agosto, porém em 2011 a produção foi de apenas 9,47 bilhões de litros até agosto. A Unica afirmou que essa redução se deve ao baixo rendimento da cana, pois a moagem rendeu 10,18% a menos que no ano anterior.
Diante dessa situação, as usinas estão favorecendo a produção de etanol anidro, evitando sua escassez já que esse combustível é obrigatoriamente misturado a gasolina para comercialização. Sendo assim, o crescimento de anidro foi de 14,35%, ou seja, mais 83,22 milhões de litros. Sergio Prado da Unica ainda informou que era necessário fornecer 11 milhões a mais de etanol no mercado, o que não ocorreu devido à quebra de safra.
A consequência que sempre observamos em relação escassez é o aumento do preço do hidratado e da gasolina C (misturada com anidro) nas bombas. Com isso a gasolina passa a ter um preço mais competitivo, não compensando abastecer com etanol. Então as vendas do hidratado tiveram uma queda de 17,07% em relação a 2010, ou seja, 10,06 bilhões de litros a menos.
Já enumeramos várias vezes os motivos desse problema, criando o cenário atual através dos números e explicando as ações já tomadas. Em relação à gasolina, já discutimos em outro texto sua situação atual e os investimentos que estão sendo feitos para garantir abastecimento. O etanol e outros bicombustíveis também já estão nos planos do governo e das empresas.
A Petrobras, por exemplo, irá investir US$ 300 milhões em pesquisa e desenvolvimento para bicombustível, como denominado no Plano de Negócios 2011-2015. O gerente de gestão tecnológica João Norberto Noschang, explicou que serão três prioridades de pesquisa, sendo elas: desenvolvimento do etanol de segunda geração, evolução das pesquisas para a produção de bioQAV e melhora do processo produtivo de biodiesel e etanol através de novas tecnologias.
O etanol de segunda geração é o chamado etanol celulósico, a intenção dessa pesquisa é produzir esse combustível através do bagaço da cana e consequentemente aumentar sua produção em 30% sem a necessidade de ampliar a área plantada. Já o BioQAV ou bioquerosene de aviação, pode ser desenvolvido através de óleo vegetal ou sacarose e tem previsão de iniciar sua produção até 2015 em meio a um mercado em expansão. É de grande importância também, o investimento que visa melhorar o processo de produção de biodiesel e etanol, uma vez que é direcionado a qualidade ambiental.
No futuro devemos acompanhar o andamento desses investimentos, observando como influenciam no mercado interno e externo. Assim poderemos perceber a mudança do nosso mercado e aproveitar as novas oportunidades. E você pode acompanhar tudo isso aqui no blog da Ruff!