Comentamos há pouco tempo em nosso blog sobre a decisão do governo que tinha o intuito de diminuir a proporção de etanol anidro na gasolina de 25% para 18%. Isso foi decidido em razão da menor produtividade da safra desse ano para evitar a falta etanol no mercado interno. No entanto, o governo já está com dúvidas se essa é a melhor medida para controlar o preço e a demanda do etanol.
Embora seja uma ação muito considerada, ela pode não ser colocada em prática devido ao tempo que leva para surtir efeito, o risco de voltar a pressionar os preços da gasolina e a atual estabilidade do mercado. O próprio setor sucroalcooleiro reclama da mudança de percentual por ser imprevisível e a curto prazo, não favorecendo a formação de estoques.
Como de acordo com técnicos a situação chegou a um equilíbrio, a prioridade passou ser o estabelecimento de metas para 2012. Entre elas está a possibilidade de o BNDES e outros bancos públicos só financiarem novos projetos de plantas de etanol e não de açúcar. Está previsto também maior verba para produção e estocagem desse combustível.
O governo também pretende melhorar essa situação a partir do setor automotivo. Seu intuito é incentivar a fabricação de veículos com motores de melhor desempenho, através da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Dessa forma a demanda por combustíveis se tornaria menor no país, uma vez que são carro que de maior rendimento. Essa ação já está sendo tratada com as montadoras.
Embora seja afirmada uma atual estabilidade de preços, analistas já prevêem que a oferta de cana será 25% inferior à demanda de etanol. Segundo estudos a maioria dos automóveis flex são abastecidos com esse combustível, sendo que a frota bicombustível brasileira contava com 2,79 milhões de veículos em 2010. Já em 2003 contava com apenas 48,2 mil automóveis, evidenciando o grande crescimento da demanda pelo etanol.
Essa necessidade tende a aumentar, uma vez que só nos últimos cinco anos tivemos um crescimento de frota flex em 23% ao ano sendo que o aumento do volume de cana moída foi de apenas 8%. De acordo com analistas, se essa taxa de aumento da frota se mantiver, teremos uma defasagem de 25% entre oferta e demanda nos cinco anos seguintes. Calcula-se que serão produzidas 780 milhões de toneladas, porém a necessidade projetada será de 980 milhões. Isso ainda pode significar um déficit de 40% em dez safras e insuficiência já na safra de 2011.
Mesmo com essa possível situação, sabemos que o governo já está tomando atitudes para evitar a escassez de combustíveis e consequentemente seus preços elevados. Para evitar surpresas, devemos continuar a observar essas medidas e também planejar de acordo. Por isso, continue acompanhando de perto com a Ruff e nos mande suas dúvidas e nossos comentários.
Fonte:
Estadão