No Brasil, desde janeiro de 1989, como parte do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), instituído pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), todos os veículos movidos a gasolina e a álcool passaram a ter um dispositivo para evitar que o tanque seja abastecido além do limite permitido. No entanto, mesmo após o programa, ainda existe quem encha o tanque “até a boca” por exigência de motoristas ou para arredondar os valores. Esse costume contribui para o aumento da poluição do ar e oferece riscos aos profissionais responsáveis pelo abastecimento nos postos de combustíveis.
Os automóveis têm um filtro dentro do tanque chamado cânister, fabricado com carvão ativado, que tem como função receber os vapores de combustível por uma tubulação específica e devolver os gases para atmosfera de forma adequada. Quando a peça é inundada com excesso de gasolina, não consegue tratar os poluentes que são liberados para o meio ambiente.
Em entrevista ao portal Auto Esporte, o gerente de divisão da engenharia MWM International – um dos principais fabricantes de motores diesel do mundo, Cristian Prates Malevic, informou que abastecer o veículo além do limite recomendado pode prejudicar o cânister e danificar a parte elétrica. “Quando se abastece além do nível correto, a pressão fica negativa dentro do sistema e o filtro é obstruído. Isso contamina a peça, além de poder danificar a válvula de controle do sistema, que por conta da falta de ar terá que fazer mais força para trabalhar”, afirmou.
Dependendo do dano, o proprietário do automóvel terá que arcar com a troca do cânister, da válvula ou até do próprio tanque. O problema, no entanto, pode ser evitado se o motorista respeitar o limite especificado no manual do veículo e o frentista obedecer ao primeiro clique da bomba de combustível do posto.
Alguns estados do país, como o Paraná, realizaram neste ano a campanha “Não passe dos limites” para conscientizar os frentistas e a sociedade da importância de abastecer até o automático e dos riscos da exposição prolongada ao benzeno, substância presente na gasolina e que pode prejudicar a saúde.
De acordo com a médica representante do Ministério do Trabalho e Emprego na Comissão Estadual do Benzeno e uma das idealizadoras da campanha, June Rezende, o benzeno é uma substância tóxica, cancerígena, que pode causar aos frentistas problemas como anemias, leucopenia – diminuição do número de glóbulos brancos e leucemias.
“O vapor do benzeno apenas se manifesta quando o limite da bomba não é respeitado, então evitar o problema é muito simples”, finalizou a médica ao Auto Esporte.