Foto: Agência Brasil
Devido ao período de estiagem, muitas usinas devem encerrar o período de moagem mais cedo. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), entre os meses de janeiro e junho, o índice de chuvas foi 80% menor do que o esperado nessa época do ano. Outro agravante é o aumento das queimadas nos canaviais. No entanto, lideranças do setor garantem que haverá um bilhão de litros de etanol estocados para a próxima entressafra, que deve ser mais longa.
Em entrevista ao portal DCI, a presidente da Unica, Elizabeth Farina disse que “a população está acostumada a associar a queima da cana com colheita e isso quase não existe mais. Justamente a mecanização gerou um excedente de palha que, combinada à seca, tornou o canavial mais suscetível a incêndios”.
O diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, garante que o mercado está ofertado e a quebra agrícola não vai afetar a oferta de 2014.
Prejuízos
Segundo Pádua, as queimadas fazem com que a colheita da cana seja realizada antes do período ideal, fator que prejudica a produtividade e os níveis de ATR [Açúcares Totais Recuperáveis] da produção. Os prejuízos ficam entre R$ 1.500 e R$ 1.700 por hectare. Caso haja soqueiras ou brotos queimados, a oferta da cana na safra 2015/2016 pode sofrer impacto.
“A decisão do produtor vai depender muito do desempenho do clima entre os meses de janeiro e março, mesmo que as chuvas sejam regularizadas, o setor ainda não estará recuperado para o período de 2015/2016”, disse Pádua ao DCI.
“A próxima safra vai começar nessas condições e até mais tarde do que o normal. As usinas terão que recorrer a financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Não faltará oferta, mas não há uma linearidade, alguns produtores terão muito estoque e outros não. Em relação a essa safra, pode haver até mais fechamentos de usinas”, completa o diretor ao portal.
Redução das exportações
Caso uma entressafra mais longa seja realmente necessária, o diretor técnico enfatiza a necessidade de ações que garantam a previsibilidade ao etanol e à bioenergia.
Com a redução das exportações, a Unica prevê a redução de três milhões de toneladas de produção de açúcar e entre 1,2 e 1,5 bilhões de litros de etanol para o período de 2014/2015.
Bioenergia
Para a presidente da Unica Elizabeth Farina, entre os anos de 2013 e 2014 houve um crescimento na oferta de bioenergia e 40% das usinas já exportam a quantidade suficiente para atender o consumo de oito milhões de residências. Somente no ano passado, com a introdução de energia renovável no mercado, foi gerada uma economia de 7% para os reservatórios de água.
Apesar das condições desfavoráveis, a Unica ainda aposta em uma safra mais alcooleira.