Já havíamos observado que a produção dessa safra seria reduzida por causa do baixo índice de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis), da chuva e da seca de 2010. Esse fenômeno, que tem afetado principalmente as usinas do Centro-Sul, pode antecipar o final da safra de cana-de-açúcar para outubro. Em geral esse fim ocorreria no mês de dezembro, mas diante dessa situação existe a possibilidade das usinas anteciparem essa data e consequentemente o preço do etanol aumentar.
A Unica (União das Indústrias da Cana-de-açúcar) afirma que algumas usinas deverão rever seus cronogramas anuais de acordo com a sua produção. Sabemos ainda, que as usinas mais afetadas estão no estado de São Paulo, Minas Gerais e note do Paraná e que algumas já anunciaram essa antecipação.
A questão do ATR tem grande influência nesse fenômeno, uma vez que os canaviais do Centro-Sul já estavam com produtividade reduzida. Como eles estão velhos e as frentes frias tem sido intensas, a qualidade da cana foi prejudicada devido ao seu florescimento. O problema é que esse processo faz com que a planta tenha um crescimento acima da média, utilizando os nutrientes de sua parte de baixo que são matéria-prima do etanol e do açúcar. O adiantamento do início da colheita poderia amenizar esse problema, sendo que o tempo normal seria de 12 meses. A grande consequência dessa questão é que o baixo ATR leva a redução de preço e ainda ao baixo rendimento.
Mesmo com as linhas de crédito do governo para o setor sucroenergético, o aumento da produção pode ocorrer somente no final de 2012, afinal o canavial leva entre oito e nove meses para começar a produzir. Para melhorar essa situação para os próximos anos, o governo precisará continuar a apoiar esse setor, proporcionando novos incentivos e estratégias.
Ainda nesse ano a Petrobrás Bicombustível (PBio) pretende aumentar a importação de etanol para a entressafra, segundo informou seu presidente Miguel Rosseto. Informou também que todas as companhias do setor compraram juntas aproximadamente 400 milhões de litros em 2011, frisando o que já foi importado e que a PBio ainda pretende comprar mais até o final do ano. Essa ação poderá compensar a baixa produção de etanol, segurando a demanda na entressafra e ainda evitando um grande aumento dos preços.
No entanto Rosseto disse que o Brasil continuará a exportar etanol, atingindo até 2 bilhões de litros nesse ano, segundo previsões baseadas em contratos de longo prazo. Embora as exportações e importações estejam aumentando e possivelmente mantendo o equilíbrio no mercado, ainda devemos continuar a observar essa situação. Assim podemos planejar para as novas ações do governo e para a próxima entressafra.